Engenharia de pesca
O QUE FAZ
Assim como a agricultura e a pecuária, a pesca, a aquicultura e o processamento do pescado também necessitam de profissionais especializados que possam garantir a sistematização, a eficiência e a sustentabilidade de seus processos. É esse o papel do engenheiro de pesca, cuja atuação contribui diretamente para a exploração racional e o manejo dos recursos dos mares, lagos, rios, mangues e outros ecossistemas aquáticos, por meio da aplicação de conhecimentos científicos tecnológicos e instrumentais, com respeito à linguagem e às necessidades sociais, culturais e econômicas das comunidades pesqueiras litorâneas e do interior.
Mais do que o momento da captura, a pesca envolve uma complexa logística, desde o preparo das embarcações até a conservação, o transporte e a comercialização de peixes, moluscos, crustáceos, algas e outros organismos marinhos, sejam frescos ou congelados, em escala industrial ou artesanal.
Antes mesmo de os barcos saírem mar ou rio adentro, é preciso considerar períodos de defeso de cada espécie, gastos com combustível e outros materiais, tempo necessário, comunicação com a terra, previsão do clima e do tempo necessário, rotas de navegação e manejo de resíduos, entre outros aspectos, em uma equação que inclui legislação náutica, normas sanitárias, segurança do trabalho, biologia marinha, oceanografia e engenharia de produção.
Da mesma forma que a pesca, o cultivo (aquicultura) tem suas próprias logísticas – e aqui, além de peixes, moluscos e crustáceos, estão inclusas algas, anfíbios e répteis. Cabe ao engenheiro de pesca planejar, implementar e coordenar processos relacionados à construção de estruturas (tanques, viveiros e espaços de beneficiamento); insumos, tecnologias e maquinário para alimentação, reprodução, monitoramento e melhoramento genético; ao cronograma de crescimento e engorda; à garantia de bem-estar das espécies; e ao tratamento de efluentes para evitar poluição e contaminações.
No beneficiamento, o engenheiro de pesca pode atuar em etapas do processamento de carnes, peles, carcaças e outros componentes; do controle de qualidade (microbiológica, organoléptica e nutricional) e rastreabilidade; de conservação, armazenamento e transporte adequado até supermercados e distribuidores; de controle de riscos, inspeção sanitária e certificações; entre outros elos da cadeia.
Embora já exista o curso superior de Engenharia de Aquicultura, as atividades do engenheiro de pesca, regulamentadas pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, também incluem naquelas relacionadas a todas as modalidades de aquicultura.
ONDE TRABALHA
Engenheiros de pesca podem trabalhar em instituições de pesquisa (incluindo universidades, onde é necessária a pós-graduação), laboratórios, empresas de pesca e aquicultura, órgãos governamentais, ONGs ligadas à sustentabilidade e conservação do meio ambiente e indústrias de processamento – não apenas alimentícia, mas cosmética, farmacêutica, biotecnológica e até da moda (que utiliza peles e couros de animais na fabricação de bolsas, sapatos e outros itens).
Além da coordenação, orientação e fiscalização de etapas da produção, o profissional também pode planejar e executar projetos; realizar estudos de viabilidade técnico-econômica, perícias, laudo e pareceres técnicos; e prestar assessoria e consultoria.
Entre as áreas mais promissoras estão aquelas ligadas à pesquisa em sustentabilidade, focadas no desenvolvimento de tecnologias e práticas que permitam a exploração dos recursos naturais associada à preservação do meio ambiente e a diminuição do impacto da pesca e aquicultura nos ecossistemas.
O CURSO NA UFC
O QUE ESTUDA
Enquanto área do conhecimento, a Engenharia de Pesca combina fortemente saberes das Ciências Biológicas (notadamente Biologia e Ecologia) e Ciências Exatas (Cálculo, Física e Química), além de envolver elementos da Sociologia e Economia (ao lidar com o impacto das atividades pesqueiras e da aquicultura em comunidades ribeirinhas, litorâneas e de povos originários).
Nos primeiros semestres são ofertados os conteúdos básicos – Cálculo, Física, Química, Ecologia, Biologia Celular, Botânica Aquática e Zoologia Aquática. A partir da metade do curso, o aluno passa a ter disciplinas teóricas e práticas mais específicas, como Oceanografia, Dinâmica de Recursos Pesqueiros, Microbiologia do Pescado, Tecnologia de Processamento de Pescado, Nutrição de Organismos Aquáticos, Aquicultura e Economia Pesqueira.
Na UFC, os estudantes são incentivados a realizar estágios em empresas do setor, laboratórios de pesquisa e órgãos governamentais, a fim de complementar sua formação e vivenciar a realidade do mercado de trabalho.
FICHA DO CURSO
Ingresso: Sisu / Onde: Fortaleza – Campus do Pici Prof. Prisco Bezerra (av. Mister Hull, s/n, Centro de Ciências Agrárias, Bloco 827, Pici, Fortaleza, CE) / Grau: bacharelado e licenciatura / Duração: 10 semestres / Turno: integral / Número de vagas: 100 por ano (50 por semestre).